Sunday, May 24, 2009

Passa-se o ponto

Agora atendemos aqui:
ultimaceia.wordpress.com

Sunday, February 10, 2008

Totó

Tão bom quanto o comediante homônimo. Ou seja, ruim pra cachorro.

Sunday, September 23, 2007

Não veja

A Veja São Paulo acaba de lançar sua edição especial, "O Melhor da Cidade", um suposto guia sobre o que há de melhor em termos gastronômicos na cidade. É uma piada. Primeiro, tem todos aqueles mitos incompreensíveis, como o sanduíche do Frevinho, a mortadela do Mercado Municipal, a padaria do Benjamin Abrahão, que a Veja insiste em perpetuar, empurrando goela abaixo do leitor ano após ano. Depois, tem os tais "rankings"; será que interessa realmente a alguém saber qual o melhor restaurante na opinião do Washington Olivetto? Qual a melhor comida árabe da cidade, na opinião da Rita Lobo? Qual o melhor cachorro-quente segundo Ana Maria Braga, ou o melhor hamburger segundo Dan Stulbach?

Desnecessário dizer, portanto, que os rankings contêm absurdos grotescos. O Arábia, por exemplo, onde tive uma das piores refeições da minha vida inteira, é quase unanimidade como o melhor árabe, e o Tenda do Nilo, que de fato o é, tem apenas um voto. O Hideki, melhor japonês da cidade -- levando-se em conta a relação custo-benefício, milhas na frente do über-pretensioso Jun Sakamoto -- nem sequer é mencionado na lista dos melhores japas. Apenas um acerto: Ritz, disparado o melhor hamburger dessa cidade; o que, cá entre nós, não é muito difícil numa cidade onde passam por burgers excrementos como os que são vendidos no Joakin's ou Fifties. Mas o de lá é realmente espetacular.

A revista até que serve, pra ser usada como guia de endereços e telefones dos restaurantes. Nada mais.

Tuesday, May 29, 2007

Terraço Itália

Se no Paris 6 você se sente jantando numa cidade cenográfica de quinta categoria, no Terraço Itália você tem certeza que ganhou o jantar como prêmio num programa de namoro do Celso Portiolli. O que não significa que o programa é ruim – jantar no Terraço Itália, não o programa do Celso Portiolli.

Sentir-se num encontro romântico num lugar tradicionalmente romântico com uma banda supostamente romântica é muito divertido. Você, os velhos e estrangeiros habitués, todos uns românticos em potencial. É engraçado sentir-se participando de um clichê.


Os casais dançando de rosto colado enquanto você come o couvert é uma vista tão ou mais interessante que a cidade de São Paulo lá embaixo. Quando a banda ataca de Frank Sinatra praticamente todo mundo abandona o risoto e corre pra pista. Emendam um Fábio Jr. e depois Luis Miguel, tudo com aquela classe dos ternos Colombo. E você se sente numa Nova York de pobre. A sofisticação do lugar cheira à naftalina. Mas é legal, garanto que é muito legal.


Devo admitir que aquela música, os casais apaixonados, os móveis, a vista, tudo me deu até uma vontade de ficar deprimida, pra ornar. Vontade de ir pro balcão do bar, ou melhor, american bar, e ficar tomando uísque girando o gelinho no copo, dar uma de o-lugar-é-perfeito-o-problema-é-que-eu-sou-infeliz. Um lugar tradicional e chic com pessoas felizes e um sujeito sozinho deprimido no balcão é o clichê perfeito. Mas eu só estava sentindo o cheiro da naftalina, do lugar e na roupa das pessoas, e achando tudo muito divertido.


A comida é boa, até que executam direitinho o cardápio que também é um outro clichê mas não chega a cheirar naftalina. No inverno costumam servir um buffet de sopas bem gostosinho e com preço bem mais em conta do que os cobrados no cardápio convencional.


E por último a vista, que é a principal atração do lugar. Vale mesmo a pena, a vista é milagrosa. Simplesmente milagrosa. Consegue deixar São Paulo bonita. Minimamente bonita, é verdade. Mas você deve pensar que é o melhor ângulo da cidade de São Paulo. É o único ângulo em que ela merece ser vista.


Pra terminar a noite, vá para o mirante do restaurante e imagine o cinegrafista do Celso Portiolli fechando em close você e seu par. Aí é só segurar as tacinhas com espumante e brindar daquele jeito tradicional, com as mãos entrelaçadas e um bebendo na taça do outro. Ao fundo a noite estrelada. Mais abaixo o charmoso Copam.

Monday, April 09, 2007

Jardim de Napoli

O Jardim de Napoli não tem jardim nem fica em Nápoles. Fica num sobrado em Higienópolis, São Paulo. É uma cantina apertada, antiquada, daquelas em que a comida costuma ter mais cabelo que os garçons. Ganhou fama de ter o melhor polpettone da cidade. Como? Quem foi o primeiro cara que, depois de passar dias engolindo nacos de carne com queijo em uma centena de cantinas, anunciou solenemente como um Moisés: "Senhoras e senhores, eis o melhor polpettone da cidade!"? Ninguém sabe. Mas ninguém discorda: é o melhor polpettone da cidade. Eu nunca tinha comido um polpettone antes. Não pretendo repetir a experiência tão cedo. Tem carne demais, queijo demais, molho de tomate demais. A única coisa de menos... é o sabor. Cotação: um garçom de smoking e meio.

Tuesday, April 03, 2007

A etiqueta do sushi

 

Sunday, April 01, 2007

Original Shundi

Originalmente ruim

O novo Shundi tem tudo o que um bom restaurante não precisa ter: uma decoração assinada, um maître bem-vestido desfilando entre as mesas, pedidos anotados num palmtop, monitor de plasma por todos os lugares e uma rosa vermelha entregue na saída por uma bonita hostess. Mas também tem tudo que um bom restaurante não pode ter: muita demora e erros nos pedidos, pista de dança com música barulhenta e turminhas kausando; um cardápio confuso e muito disfuncional, garçons esbarrando nas mesas e pedindo pra você se levantar pra que eles possam fazer o serviço deles. Original Shundi tem tudo que é dispensável e não tem o essencial.

Nada contra restaurantes bonitos e cheios de salamaleques, até gosto bastante desse tipo de lugar, tem aquela história de se comer com os olhos que é bem verdade. E depois, acho que se se preocupam com a aparência e o atendimento devem estar da mesma forma preocupados com a comida. Santa ingenuidade, Batman! Restaurantes desbragadamente bonitos têm grande chance de decepcionar. Como diria Clodovil, beleza não põe mesa.

Não culpo o Shundi pessoa física, pelo contrário, até me compadeci dele. Pode ter sido uma falsa impressão, mas ele parecia pouco à vontade no lugar. E na maior parte do tempo passava desesperado fiscalizando as mesas e tentando corrigir erros dos garçons. Vendo o sufoco do Shundi atendendo às reclamações das mesas como se estivesse numa enfermaria de pronto-socorro, fiquei imaginando que ele pode ter embarcado num empreendimento-roubada. Um sócio empresário deve tê-lo convencido que uma casa desse tipo era o canal. Ou, mesmo se o projeto foi idealização do próprio dono, ele já deve ter se arrependido, pelo menos deveria.

Nem acho que o lugar está fadado ao fracasso, deve fazer bastante sucesso ainda. Nativos do Itaim e simpatizantes devem lotar o sushi-dançante por muito tempo. Os lucros da casa devem ultrapassar os investimentos. O prejuízo vai ser só gastronômico mesmo, o prejuízo enorme de se ter um suhiman dos melhores fora do balcão.

Ah, sim, esqueci de falar da comida propriamente dita: até que era boazita. Não fosse a enguia servida bem quente e o salmão skin bem gelado, parecendo um torresmo de peixe amanhecido, até que daria uma boa nota para os suhis e sashimis. Talvez os pedidos feitos e que nunca chegaram à minha mesa estivessem muito mais gostosos do que tudo que comi lá. Sempre aposto mais na qualidade dos pratos que não comi.

Pobres chefs. Estão à mercê dos empreendedorismo dos empresários que planejam seus restaurantes.
Pobre Shundi. Um sushiman fora do aquário.




Cotação: 1 sushi-dançante