Tuesday, May 29, 2007

Terraço Itália

Se no Paris 6 você se sente jantando numa cidade cenográfica de quinta categoria, no Terraço Itália você tem certeza que ganhou o jantar como prêmio num programa de namoro do Celso Portiolli. O que não significa que o programa é ruim – jantar no Terraço Itália, não o programa do Celso Portiolli.

Sentir-se num encontro romântico num lugar tradicionalmente romântico com uma banda supostamente romântica é muito divertido. Você, os velhos e estrangeiros habitués, todos uns românticos em potencial. É engraçado sentir-se participando de um clichê.


Os casais dançando de rosto colado enquanto você come o couvert é uma vista tão ou mais interessante que a cidade de São Paulo lá embaixo. Quando a banda ataca de Frank Sinatra praticamente todo mundo abandona o risoto e corre pra pista. Emendam um Fábio Jr. e depois Luis Miguel, tudo com aquela classe dos ternos Colombo. E você se sente numa Nova York de pobre. A sofisticação do lugar cheira à naftalina. Mas é legal, garanto que é muito legal.


Devo admitir que aquela música, os casais apaixonados, os móveis, a vista, tudo me deu até uma vontade de ficar deprimida, pra ornar. Vontade de ir pro balcão do bar, ou melhor, american bar, e ficar tomando uísque girando o gelinho no copo, dar uma de o-lugar-é-perfeito-o-problema-é-que-eu-sou-infeliz. Um lugar tradicional e chic com pessoas felizes e um sujeito sozinho deprimido no balcão é o clichê perfeito. Mas eu só estava sentindo o cheiro da naftalina, do lugar e na roupa das pessoas, e achando tudo muito divertido.


A comida é boa, até que executam direitinho o cardápio que também é um outro clichê mas não chega a cheirar naftalina. No inverno costumam servir um buffet de sopas bem gostosinho e com preço bem mais em conta do que os cobrados no cardápio convencional.


E por último a vista, que é a principal atração do lugar. Vale mesmo a pena, a vista é milagrosa. Simplesmente milagrosa. Consegue deixar São Paulo bonita. Minimamente bonita, é verdade. Mas você deve pensar que é o melhor ângulo da cidade de São Paulo. É o único ângulo em que ela merece ser vista.


Pra terminar a noite, vá para o mirante do restaurante e imagine o cinegrafista do Celso Portiolli fechando em close você e seu par. Aí é só segurar as tacinhas com espumante e brindar daquele jeito tradicional, com as mãos entrelaçadas e um bebendo na taça do outro. Ao fundo a noite estrelada. Mais abaixo o charmoso Copam.