Monday, April 09, 2007

Jardim de Napoli

O Jardim de Napoli não tem jardim nem fica em Nápoles. Fica num sobrado em Higienópolis, São Paulo. É uma cantina apertada, antiquada, daquelas em que a comida costuma ter mais cabelo que os garçons. Ganhou fama de ter o melhor polpettone da cidade. Como? Quem foi o primeiro cara que, depois de passar dias engolindo nacos de carne com queijo em uma centena de cantinas, anunciou solenemente como um Moisés: "Senhoras e senhores, eis o melhor polpettone da cidade!"? Ninguém sabe. Mas ninguém discorda: é o melhor polpettone da cidade. Eu nunca tinha comido um polpettone antes. Não pretendo repetir a experiência tão cedo. Tem carne demais, queijo demais, molho de tomate demais. A única coisa de menos... é o sabor. Cotação: um garçom de smoking e meio.

Tuesday, April 03, 2007

A etiqueta do sushi

 

Sunday, April 01, 2007

Original Shundi

Originalmente ruim

O novo Shundi tem tudo o que um bom restaurante não precisa ter: uma decoração assinada, um maître bem-vestido desfilando entre as mesas, pedidos anotados num palmtop, monitor de plasma por todos os lugares e uma rosa vermelha entregue na saída por uma bonita hostess. Mas também tem tudo que um bom restaurante não pode ter: muita demora e erros nos pedidos, pista de dança com música barulhenta e turminhas kausando; um cardápio confuso e muito disfuncional, garçons esbarrando nas mesas e pedindo pra você se levantar pra que eles possam fazer o serviço deles. Original Shundi tem tudo que é dispensável e não tem o essencial.

Nada contra restaurantes bonitos e cheios de salamaleques, até gosto bastante desse tipo de lugar, tem aquela história de se comer com os olhos que é bem verdade. E depois, acho que se se preocupam com a aparência e o atendimento devem estar da mesma forma preocupados com a comida. Santa ingenuidade, Batman! Restaurantes desbragadamente bonitos têm grande chance de decepcionar. Como diria Clodovil, beleza não põe mesa.

Não culpo o Shundi pessoa física, pelo contrário, até me compadeci dele. Pode ter sido uma falsa impressão, mas ele parecia pouco à vontade no lugar. E na maior parte do tempo passava desesperado fiscalizando as mesas e tentando corrigir erros dos garçons. Vendo o sufoco do Shundi atendendo às reclamações das mesas como se estivesse numa enfermaria de pronto-socorro, fiquei imaginando que ele pode ter embarcado num empreendimento-roubada. Um sócio empresário deve tê-lo convencido que uma casa desse tipo era o canal. Ou, mesmo se o projeto foi idealização do próprio dono, ele já deve ter se arrependido, pelo menos deveria.

Nem acho que o lugar está fadado ao fracasso, deve fazer bastante sucesso ainda. Nativos do Itaim e simpatizantes devem lotar o sushi-dançante por muito tempo. Os lucros da casa devem ultrapassar os investimentos. O prejuízo vai ser só gastronômico mesmo, o prejuízo enorme de se ter um suhiman dos melhores fora do balcão.

Ah, sim, esqueci de falar da comida propriamente dita: até que era boazita. Não fosse a enguia servida bem quente e o salmão skin bem gelado, parecendo um torresmo de peixe amanhecido, até que daria uma boa nota para os suhis e sashimis. Talvez os pedidos feitos e que nunca chegaram à minha mesa estivessem muito mais gostosos do que tudo que comi lá. Sempre aposto mais na qualidade dos pratos que não comi.

Pobres chefs. Estão à mercê dos empreendedorismo dos empresários que planejam seus restaurantes.
Pobre Shundi. Um sushiman fora do aquário.




Cotação: 1 sushi-dançante